O diabo vota no nobre deputado

Após assistir à reportagem do Fantástico sobre o conteúdo do livro de Márlon Reis, O nobre deputado, interessei-me em adquiri-lo para tomar conhecimento do seu conteúdo. O tema fez-me lembrar de uma leitura que havia feito, há um tempo atrás:  um romance de Antônio Luiz Cândido Mendes, com o provocativo título de O diabo vota em mim (Relume Dumará, 1994). Da mistura dos dois títulos resultou o nome desta breve crônica.

Nesse romance, o autor narra a trajetória política de um empresário do Rio de Janeiro que, de repente, deseja ser deputado federal. Os meandros da companha do candidato, financiamentos e marketing, a começar por sua indicação pela convenção, são estarrecedores. Para afirmar-se candidato, alcançar a primeira suplência e, logo em seguida, assumir a cadeira como titular, foi praticada quase toda a cartilha de crimes do Código Penal e do Código Eleitoral. Mas elegeu-se, saiu vitorioso das urnas. Como disse uma eminência da política brasileira, a maior vergonha do político é perder uma eleição. Os meios são justificados em razão de um fim glorioso e suas vantagens pessoais.

O livro de Márlon Reis, narrado na primeira pessoa, por um deputado, contém dados já conhecidos e denunciados pela imprensa, mas dificilmente comprovados, pois a competência de quem pratica tais crimes é surpreendente. Logo, as punições são raríssimas.

Ao tomar conhecimento dessas práticas criminosas, o que deve fazer o eleitor? Abster-se de votar, sob o argumento de que todos os políticos são desonestos?

Essa seria a pior reação que tomaria o eleitor, pois seu voto livre e consciente é necessário para mudar essa situação.

Entre aqueles que se exercitam na vida política, temos muitas pessoas honestas, que lutam por seus ideais e desejam a transformação da nossa sociedade. Cabe ao eleitor, livremente, escolher esses candidatos e conceder-lhe seu voto de confiança.

Não se faz democracia sem eleições. E não há eleições sem partido político e sem candidatos. É  preciso comparecer e votar. Só com o voto o eleitor pode alterar os rumos da República e  afastar a corrupção do seio da nossa vida pública.

A valorização do nosso voto começa com uma boa escolha, atentando para os compromissos do candidato com a ética e a justiça social. Com esse esforço, exorciza-se o diabo e sua legião de anjos maus da política brasileira. Ainda vale acreditar



Lourival Serejo

     Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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