Em recente pronunciamento, o ministro Edson Fachin, presidente do Supremo Tribunal Federal, ressaltou a necessidade de promover-se a “cultura democrática” na população brasileira, como garantia da nossa continuidade democrática. Não basta a vigilância do Supremo, disse ele. É preciso o apoio das camadas sociais.
A proposta – diria melhor, o alerta – de Fachin não é difícil de concretizar-se diante da propagação das bolhas antidemocráticas, do fanatismo religioso e da mediocratização da juventude estudantil. Para germinar, ela deve converter-se num estilo de vida em que a tolerância é a regra da convivência.
O cultivo de uma cultura democrática deve começar no ensino fundamental e atingir seu ponto mais alto nas universidades, em todas as áreas de ensino.
O sentimento de democracia começa na família e estende-se para todos os ambientes de convivência humana, principalmente onde há disputa de poder. Na direção de uma escola, por exemplo.
A maior expressão da democracia são as eleições, nas quais o cidadão afirma sua dignidade e escolhe e decide. A realização das eleições de dois em dois em dois anos contribui para oxigenar os debates que despertam a consciência de uma cidadania ativa.
Lembro-me de que, certa vez, neste espaço, invoquei um capítulo da gramática do italiano Michelangelo Bovera em que ele aponta os quatro verbos da democracia, ou seja: eleger, representar, deliberar e decidir. E quem os exercita são o eleitor e os eleitos.
Neste ano, em especial, comemoram-se 40 anos da redemocratização do Brasil. Todos devem lembrar-se daquele longínquo 1985, quando o presidente Sarney assumiu a presidência da República. Depois de 21 anos de ditadura, nosso país voltou a girar no eixo democrático. A habilidade de Sarney, naquele período de incerteza, foi fundamental para recuperar as práticas democráticas que culminaram com a convocação da Constituinte. Três anos depois, em 1988, promulgou-se a Constituição que até hoje vigora como um dos mais modernos catecismos de um Estado de Direito.
As agitações em torno das eleições do próximo ano já tomaram conta da classe política, toda assanhada para manter-se no poder.
Esse é um dos pontos nevrálgicos que reclamam o desenvolvimento da “cultura democrática”. Melhor seria se a ela se aliasse o espírito republicano. Uma das maiores frustrações de cada eleitor é constatar que os interesses pessoais têm sobrepujado o interesse público. Primeiro o meu, tem sido a regra número um.
Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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