A FRATERNIDADE NO EVANGELHO DE BILL GATES

Em recente declaração pública, Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo, anunciou que, até 2045, doará 99% do seu patrimônio a causas humanitárias, o que importará em mais de um trilhão de reais ou 200 bilhões de dólares. Até agora ele já doou 100 bilhões de dólares para atender os clamores da população pobre do planeta, especialmente da África, e para o combate à malária e outras doenças. A cultura de doações está presente na sociedade americana, em contraste com a alta competitividade que ali existe e à indiferença ao destino daqueles que não são beneficiados com as bênçãos do mérito, segundo a norma básica da meritocracia ali reinante. As grandes universidades americanas, inclusive as particulares, recebem fartas doações permanentes. Essa atitude do dono da Microsoft contrapõe-se à política de Trump que mandou cortar todas as ajudas americanas ao programa de assistência que combate o HIV e a fome, em países subdesenvolvidos. O corte da Trump pode resultar na morte de 25 milhões de pessoas, em 15 anos, segundo previsão de analistas. Pelas informações colhidas na internet, o impacto filantrópico das ações de Bill Gates atinge a promoção da educação e ajuda às comunidades para impulsionar o desenvolvimento humano, diminuir as doenças infecciosas e a pobreza extrema. Em declaração mais recente, Bill Gates foi incisivo neste esclarecimento: “Meu objetivo sempre foi devolver à sociedade a maior parte do que recebi. Acredito que a riqueza deve servir para melhorar vidas, e não apenas acumular valor”. Ao tomar conhecimento dessa declaração, fiquei a imaginar que, se todos os bilionários do mundo tivessem a mesma cultura de Bill Gates, grande parte da miséria nos países subdesenvolvidos seria eliminada. Considero essa decisão de Bill Gates como a prática extrema da solidariedade para assegurar ao próximo o atendimento de suas súplicas e garantir um nível existencial digno às pessoas marginalizadas. A fraternidade tem despertado a atenção do mundo jurídico nos últimos tempos, pois tem sido invocada até em decisões judiciais. Depois de ser considerado como um princípio esquecido, hoje ela aparece claramente no Preâmbulo da nossa Constituição pela expressão “sociedade fraterna”. Nos artigos primeiros, a ideia de fraternidade está ínsita na invocação da igualdade, na erradicação da pobreza, na solidariedade e nas ações políticas que têm por base esse princípio com inspiração cristã. No mundo em que vivemos, dominado pelo individualismo, pelo ultraliberalismo e pela ganância de acumulação de riquezas, praticar a fraternidade, com tanta largueza, é um milagre tão eficaz que se aproxima daqueles que transformam homens em santos. No evangelho de Bill Gates, constata-se, ainda, sua disposição em contribuir para a ciência, notadamente às pesquisas e à tecnologia, com o desprendimento de um cristão, ofertando dízimos que salvam vidas e aceleram o desenvolvimento em benefício da paz, na perspectiva da Populorum Progressio, de Paulo VI.



Lourival Serejo

     Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
Saiba mais

Contatos

  • email
    contato@lourivalserejo.com.br

Endereço

Desembargador Lourival Serejo