A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA) PODE AUXILIAR OS SACERDOTES EM SUAS PRELEÇÕES?

Não há mais espaço para contestação, embora a sequência de perplexidades não se esgotará tão cedo: a inteligência artificial veio para ficar. É irreversível. Agora, só nos resta aproveitá-la como auxiliar de nossas atividades. Os principais aplicativos que oferecem o uso da IA são o ChatGpt e o Claude. Existem outros e mais alguns serão acrescentados ao longo do tempo. O usuário acessa a aplicação solicita ou ordena que produza tal peça, seja um discurso, uma crônica, um comentário ou uma pesquisa sobre qualquer assunto. Em menos de um minuto a resposta estará à sua disposição. Se não gostar do que leu, pode reclamar e pedir outra versão mais profunda ou mais perfeita. Se você quer que uma digressão da IA esteja igual ao seu estilo, basta fornecer-lhe uma amostra ao aplicativo e a redação sairá como se fosse você mesmo o autor. Surpreendente? E tem muito mais curiosidades – o ambiente é insondável – para escrever páginas e páginas para tentar esgotar este tema tão fértil. O debate que desafia a humanidade é saber qual o limite para o uso da IA. A meu ver, sem os parâmetros éticos ela pode se tornar um perigo. No caso específico da pergunta que conduz este texto, como esses algoritmos podem ser submetidos aos padres no exercício de suas atividades, trago como exemplo a produção de uma homilia. O sacerdote pede ao ChatGpt que elabore uma preleção invocando algum capítulo ou versículo do Evangelho de São Mateus. Em menos de um minuto, o pedido é atendido. Tudo consentâneo com a sociedade da rapidez em que vivemos. De posse desse texto, cabe ao padre analisá-lo para aceitá-lo, corrigi-lo ou ampliá-lo. Atenção: o que não é recomendável, em qualquer hipótese, é submeter-se à IA sem uma consciência crítica. Nem sempre a IA acerta. Logo, precisa necessariamente ser revisada matéria que lhe é apresentada com tanta presteza. Mas, garanto que, o ponto vertebral da matéria terá, quase sempre, no mínimo, de 80% aproveitável. Imaginemos que o padre, num dia de domingo, deverá celebrar três missas, sob invocação do mesmo Evangelho. A inteligência artificial poderá compor três homilias diferentes, desde que o usuário sugira abordagens diversas. Aqui, a meu ver, é o aspecto de maior utilidade do aplicativo para o sacerdote. Também, em missas de sétimo dia, casamento etc. Em conclusão, a resposta para a pergunta do título desta crônica é SIM. A inteligência artificial está disponível para ser usada por qualquer pessoa. E os padres podem ser muito bem favorecidos pelo seu uso. Não há tempo para hesitação, o uso da IA deve estar logo como meta a ser alcançada. Diante desse desafio de modernização, a Igreja não pode – com o devido respeito – adotar a conduta do cardeal Belarmino que, ao ser convidado por Galileu Galilei a constatar, pelo uso do seu telescópio, a posição do planeta Terra no universo, recusou-se sob o pretexto de fidelidade aos dogmas da Igreja.



Lourival Serejo

     Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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