ECOLOGIA E FRATERNIDADE

Merece aplausos a opção da CNBB por escolher a ecologia como tema da Campanha da Fraternidade 2025. Mais forte ainda se revela ao atrelar a fraternidade à temática ecológica.

Ecologia é uma discussão aberta que nunca se esgota, tão vasta e universal ela se apresenta e cresce a cada dia.

A defesa da ecologia cada vez mais torna-se um ato de coragem e de resistência diante de tanta indiferença dos líderes políticos e de tantas pessoas que insistem em negá-la com atos e palavras. Agora, com a posição do energúmeno presidente americano surge uma redobrada preocupação com a atenção aos clamores da natureza.

O maior inimigo da ecologia é a ganância do mercado. O imediatismo do lucro, na era do individualismo acendrado, desconhece tudo que ameace seus empreendimentos. O mundo do investidor é restrito aos seus interesses e às suas atividades econômicas e financeiras. A saúde do planeta não lhe interessa, é uma abstração. O espaço de visão dele é aquele que se estende à sua frente quando abre, pela manhã, a porta da sua casa.

Não se pode falar em ecologia sem invocar os ensinamentos do papa Francisco. Todas as suas abordagens proféticas apontadas na encíclica Laudato Sì, e não consideradas pelas lideranças políticas, estão se concretizando. Na exortação apostólica Querida Amazônia, Sua Santidade renova sua preocupação com a proteção ambiental diante do desmatamento da floresta amazônica. É nesse espaço que surge outra  vítima da atitude predatória do homem: a população indígena.

Os desastres ambientais estão acontecendo e ameaçando instalarem-se como uma crise ecológica global. São exemplos recentes:  a enchente no Rio Grande do Sul; a seca na bacia amazônica; as mudanças climáticas; o colapso ambiental; o aquecimento global hoje uma rotina em São Paulo, Rio e outras capitais; o oceano engolindo as ilhas; o derretimento de blocos de gelo no Ártico; o incêndio de Los Angeles etc. Todos esses impactos ambientais são como gritos de socorro da Mãe Terra.

O problema é que a humanidade parece ter desenvolvido um talento especial para ignorar avisos. Há décadas, cientistas gritam que estamos empurrando o planeta para um ponto sem volta. Mas seguimos desmatando, queimando combustível fóssil, poluindo, como se o futuro fosse problema de outro. Como se houvesse outro planeta de reserva.

Observa-se na Laudato Sì, no capítulo IV, que o papa Francisco refere-se a uma ecologia integral que inclua “as dimensões humanas e sociais.” Sendo o cuidado com a Casa Comum a tônica da ecologia, estende-se também a ideia da ética do cuidado para uma postura que se preocupe com a qualidade da vida humana. É o que sugere o escritor paraguaio Augusto Roa Bastos ao afirmar que existe duas ecologias, uma em defesa da natureza e outra em defesa da natureza humana, ambas ameaçadas pela obsessão do poder e do lucro.

Vejam o quanto este tema é fértil e crucial para a humanidade.

     Por: Lourival Serejo