IRMÃ ANA MARIA, A MÁRTIR VIANENSE

     O Massacre de Alto Alegre é como ficou conhecido o fato ocorrido em 13 de março de 1901, às cinco horas da manhã, na localidade do mesmo nome, que fica no município de Barra do Corda, quando um grupo de índios, liderados pelo cacique  João Caboré (João Manoel Pereira dos Santos), também chamado de capitão Caboré,  invadiu a igreja onde estava sendo celebrada uma missa, e ali matou todas as freiras e frades daquela Missão, assim como as pessoas que assistiam à missa e as que moravam nas proximidades. Ao todo, foram mortas, aproximadamente, duzentas pessoas.

     Para o objetivo estrito que me propus nesta breve crônica, deixo de aprofundar-me sobre as causas e os detalhes dessa tragédia.

     Os religiosos que ali estavam (4 capuchinhos e 7 freiras) eram italianos que edificaram naquela região, perto da cidade de Barra do Corda, um colégio para meninas índias.

     Dentre as freiras mortas, encontrava-se a irmã Ana Maria, a única freira brasileira e maranhense, natural de Viana, pertencente ao grupo da madre Francesca Rubatto, hoje consagrada como beata.

     Quando o Papa Leão XIII tomou conhecimento do massacre, declarou: “São as primícias do século! Amanhã faremos sufrágios para as almas dos novos mártires...”.

     Sobre a irmã Ana Maria, colhe-se do jornal L´Osservatore Romano, um artigo de Graziella Merlatti, editado em 24 de março de 2001, no qual informa que a irmã Ana Maria foi a primeira vocação indígena, recebida pessoalmente e associada ao grupo da madre Francesca. Ela foi educada pelas irmãs capuchinhas Dorotéias e sentiu o chamado à vida missionária ao ver passar as irmãs capuchinhas em viagem rumo a Alto Alegre. Recebeu o hábito religioso da madre Francesca Rubatto, hoje Beata, no dia da solenidade dos Estigmas de São Francisco, 17 de setembro de 1899, e viveu com o fervor e a generosidade dos neófitos. Para Gabriella Preda, Superiora-Geral das irmãs capuchinhas de madre Rubatto, “a morte violenta desses missionários trouxe à luz o seu maravilhoso testemunho do Evangelho, num amor total a Deus e aos seus irmãos mais pobres.”

     A autora desses comentários e Rodolfo Toso, em seus livros (Amor e martírio em Alto alegre, da primeira; e Uma mulher forte: madre Francisca Rubatto, do segundo, ambos traduzidos pelo meu amigo Vito Milesi) informam os últimos momentos de vida da irmã Ana, quando descia uma escada, acompanhada por umas meninas, e ao ser assassinada, exortou as crianças: Fujam, minhas filhas, salvem-se e cuidem em se manter sempre boas.

     É conveniente trazer à luz dos dias atuais o nome dessas pessoas que se entregaram a uma vida religiosa e tornaram-me mártires, com o mesmo fervor de Gabriel Malagrida.  Para o Maranhão e para Viana, em particular, é relevante saber que tivemos uma mártir da fé e da missão religiosa.

     Por: Lourival Serejo

 



Lourival Serejo

     Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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