NATAL REPLETO DE GUERRAS

     A chegada do Natal lembra sempre a ideia de paz, em volta da qual todos se reúnem para a grande comemoração. O mundo inteiro se apodera desse sentimento e a voz do Papa se ergue para saudar todos os cristãos.

     Neste ano de 2023, não será bem assim. Segundo estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa de Paz de Oslo, hoje há 55 guerras, envolvendo 38 países, movidas por ideologias, religiões, ganância e domínio. Só em 2022 morreram 200 mil pessoas nesses conflitos.

     O autor do livro História das Guerras (Contexto, 2011), na parte introdutória, constata que “a história das guerras é uma história de alteridades. Cada guerra é um fenômeno único, singular, irredutível (...). É, sobretudo, a história do gênio humano aplicado à destruição”.

     O que mais surpreende no desencadeamento dessas guerras, em pleno século XXI, é a atualização de práticas que se perderam há séculos e milênios. Então, ressurgem: Tróia, Peloponeso, as Púnicas. E mais recentemente: A Guerra da Secessão, a Primeira e a Segunda Guerras mundiais, Etiópia, Vietnã. Esta última é o maior exemplo da inutilidade das guerras, onde foram gastos trilhões de dólares para nada. Hoje o povo vietnamita cresce, mesmo convivendo com os efeitos que restaram, como os danos produzidos pelo agente laranja, responsável pelo nascimento de mais de cem mil crianças deformadas que até hoje continuam a nascer deformadas.

     Em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 6 de novembro passado, intitulado Por que o mundo vive onda de conflitos?, o analista político Oliver Stuenkel finaliza questionando-se sobre a possibilidade de que o elevado número de guerras na atualidade talvez não seja uma aberração, mas sim um novo normal. Será que o articulista tem razão? Talvez, quanto ao Oriente Médio, essa conclusão seja possível.

     Dentre os confrontos atuais, destacam-se as guerras entre Israel e o grupo Hamas, e a guerra entre a Rússia e Ucrânia. Além das consequências normais de todas as guerras, esses dois conflitos têm servido para aumentar o ódio e as hostilidades entre as pessoas e os países. De que lado uma pessoa estiver (pode-se torcer por um lado como se torce por um time de futebol?) logo surgirá um lobo à sua frente, pronto para devorá-la. E então, espalha-se o ódio pelo mundo afora.

     Outra consequência nefasta dessas 55 guerras é a emigração. A população que foge das guerras avoluma-se a cada dia, gerando um problema mundial, principalmente nos países europeus.

     As guerras atuais, pelo poder de destruição das armas utilizadas, são marcadas por variados meios de crueldades, como forma de chamar a atenção do mundo para seus motivos. Para isso, tudo vale: seja matando crianças ou destruindo hospitais.

     É nesse quadro sombrio que passaremos o Natal de 2023. Sem paz e com o espírito das luzes amortecido. Resta apoderarmo-nos da nossa fé para acalentar a esperança de que o mundo um dia se torne melhor e que os irmãos se reconheçam como irmãos.

     Por: Lourival Serejo



Lourival Serejo

     Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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