BICENTENÁRIO DO POETA NACIONAL

     Neste mês de agosto, precisamente no dia 10, comemora-se o bicentenário de nascimento do poeta Antônio Gonçalves Dias.

     A data tem merecido a atenção da Academia Maranhense de Letras e de outras congêneres culturais para realizar manifestações comemorativas à altura do homenageado. Vários livros foram publicados em razão desse evento, inclusive a mais completa biografia do poeta caxiense de autoria do seu amigo Antônio Henriques Leal.

     Poeta da primeira geração do romantismo, Gonçalves Dias destacou-se, no Brasil, com o lançamento dos seus poemas reunidos em três volumes: Primeiros Cantos, Segundos Cantos e Últimos Cantos, lançados, respectivamente, em 1847, 1848 e 1851.

     O poema que abre os Primeiros Cantos é a “sublime” Canção do Exílio, o maior de todos os poemas da literatura brasileira. Glorificado, estudado, plagiado, a Canção do Exílio tornou-se uma espécie de canção brasileira, conhecida e recitada em todo o território brasileiro,  figurando, inclusive, em dois versos do nosso hino nacional. Até o bispo Casaldáliga fez uma paródia com ele em forma de um Recado a Gonçalves Dias.

     A vida de Gonçalves Dias foi marcada por uma luta constante contra doenças, incertezas financeiras e aventuras amorosas, sendo duas delas traumatizantes: o frustrado amor por Ana Amélia e o seu casamento com Olímpia. Mas o seu espírito superou todos os desafios para afirmar-se na poesia brasileira como o maior poeta do romantismo.

     Nem só de poesia vivia Gonçalves Dias. Sua genialidade estendeu-se em outras atividades, que desempenhou com reconhecida competência. Foi historiador, etnógrafo, educador, jornalista e dramaturgo. Estudioso desde criança, ele dominava cinco idiomas: francês, italiano, alemão, espanhol e inglês, além do latim.

     Uma das vertentes da poesia do autor de Os Timbiras foi o indianismo, pautado pela inspiração na cultura, nas lendas, na história e no heroísmo dos povos indígenas, desde o descobrimento do Brasil.

     Dessa forma, Gonçalves Dias exalta o indígena como bravo guerreiro, filho da natureza, conhecedor e adorador do espírito da selva.

     Em um dos seus poemas indigenistas – o Canto do Piaga – Gonçalves Dias foi profético, ao alertar os indígenas do perigo que representava a chegada daqueles navios e a presença do “monstro” que vinha matar os guerreiros, roubar-lhes as filhas e as mulheres, trazendo crueldade para os povos originários.

     Passados esses anos, novos monstros – estes mais sofisticados e mortais – assombram hoje os yanomami, insistindo em instalaram-se em suas terras, praticando toda espécie de crime.

    Gonçalves Dias morreu aos 41 anos de idade, vítima do naufrágio do navio em que voltava da Europa para o Maranhão, o Ville de Boulogne, nas costas maranhenses, sendo, nessa tragédia, em parte atendida sua súplica: “não permita Deus que eu morra/ sem que eu volte para lá.”

     Por: Lourival Serejo



Lourival Serejo

     Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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