O mundo está perplexo com a última novidade resultante dos avanços da inteligência artificial (IA). Trata-se da ferramenta ChatGPT. Primordialmente ele será utilizado para leitura de textos e automatização de tarefas rotineiras. Mas não é só isso. A capacidade do ChatGPT vai muito além: é capaz de dialogar com o usuário sobre qualquer assunto, como se fosse outra pessoa; responder às perguntas que lhe são feitas; compor letras de músicas, poemas, metrificados ou não; emitir sua opinião sobre qualquer assunto; escrever ensaios, monografias, teses, em qualquer língua; traduzir qualquer idioma. Outros exemplos: ele pode ser utilizado para fazer crônicas, ensaios, dissertações de mestrado, teses de doutorado e imagens, inusitadas imagens que confundirão o leitor como fake news.
Nas consequências que esse programa desencadeia é que residem as preocupações. Por exemplo, já foi constatado que o ChatGPT vai afetar mais de cem profissões e pode extinguir algumas, como auditoria, planejamento, marketing de propaganda, jornalismo etc. O desemprego vai acarretar de forma desastrosa assessores, consultores, secretários, técnicos de várias especialidades.
Uma das dúvidas que vai instalar-se em todas as áreas do conhecimento, nas universidades, no meio acadêmico em geral, refere-se à autenticidade dos textos que forem gerados pelos estudantes, a partir de agora. Será possível identificar a ausência da inteligência humana nesses trabalhos?
Para não ficar a ideia de que estou pintando um quadro escatológico, há muitos dados que podem ser elencados como louváveis no ChatGPT e que já estão constatados. Sua utilização livra as pessoas de tarefas repetitivas e da análise tediosa de fatos complexos, como amplos e minuciosos relatórios para serem analisados e apresentar uma conclusão; e, ainda, pode ser usado para detectar erros em documentos etc.
Imaginem um padre com três missas para celebrar num dia, todas em torno da mesma passagem do Evangelho. Se ele não quiser repetir os argumentos nas homilias, pede ao ChatGPT a primeira; depois, ele pede uma focada em tal parte; e a terceira mais profunda, conforme o auditório.
O que, a meu ver, é mais alarmante é o lado da ética. Só o clamor da ética pode evitar o avanço desordenado da inteligência artificial, principalmente porque sua evolução está se processando muito rápida. Já está se falando na fabricação de um robô para ler o pensamento. O segundo temor é acarretar perigo à democracia, pois um governo ditatorial usando toda a capacidade da IA pode controlar um país com facilidade, pior do que George Orwell previu em seu livro 1984.
Não há outra alternativa senão adaptar-se à renovação, abandonar o espírito de resistência e esperar um futuro melhor.
Por: Lourival Serejo
Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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