Como não apareceu um voluntário para suprir as omissões e reparar os equívocos da minha publicação anterior, sobre a crônica maranhense, apresso-me em fazê-lo, antes que receba uma carta anônima, conforme recebi, um tempo atrás, para corrigir a troca que fiz entre Roma e Atenas.
Ao contrário do que afirmei anteriormente, Ceres Costa Fernandes publicou um livro de crônicas: O último pecado capital & outras histórias; e Jomar Moraes publicou Cinzas das quartas-feiras, em 1990, pela editora Legenda. Curioso é que, na última edição dos Perfis Acadêmicos, de que me vali, organizada e publicada por ele, em 2014, não se fez referência a esse livro em sua bibliografia. Esquecimento? Não creio. São razões do autor.
Alinho, a seguir, algumas omissões que verifiquei e alguns reparos feitos por amigos e leitores.
Localizei outro livro de crônicas de Lino Moreira: Pedaços da eternidade. De Ivan Sarney, encontrei: São Luís: uma cidade no tempo. Carlos Gaspar enviou-me mais dois títulos de sua autoria: Refazendo o caminho e Catedral de emoções.
José Ribamar Fiquene, que, por muitos anos, foi cronista no jornal O Estado do Maranhão, reuniu suas crônicas nos livros O alvorecer e Contemplação.
Sálvio Dino, embora dedicado mais à pesquisa histórica, também publicou seu livro: Crônicas: verde, sertões e vidas.
Merece, ainda, lembrar o médico Ruy Palhano e suas Crônicas do cotidiano numa visão de um psiquiatra, publicadas recentemente em uma edição elogiável.
Carlos Cunha – não cheguei a conhecê-lo pessoalmente – publicou três livros de crônicas: Pesadelos da ilha, No porão da eternidade e Ballet dos santos e demônios.
Por muito tempo, Américo Azevedo, com as conhecidas Cartas a Daniel, publicadas semanalmente em jornal local, tratando de temas políticos e sociais, consagrou-se também como um dos nossos cronistas.
Sobre Josué Montello, como já disse, passou a vida inteira escrevendo para o Jornal do Brasil (1955 a 1993), mas publicou apenas um magro livro de crônicas: Os bonecos indultados, em 1973. Postumamente, a Secretaria de Cultura do Maranhão publicou algumas de suas crônicas com o título Areia do tempo: crônicas sobre a cultura francesa e seus autores.
Ao prefaciar a seleção das crônicas de Josué Montello para a editora Global, Flávia Amparo diz que, para o cronista maranhense, as crônicas tinham "data de validade", por isso, segundo ela, ao justificar a publicação de Bonecos indultados, Josué Montello demonstra certo constrangimento e quase pede desculpas ao leitor. No Diário do entardecer, na parte referente ao ano de 1973, em nenhuma nota ele faz referência ao lançamento do seu primeiro livro de crônica, com apenas 139 páginas.
A metáfora que ele usou, para a escolha do título do seu livro, não podia ser melhor para explicar o dilema do autor em selecionar suas crônicas publicáveis. Informa Josué Montello que, na Espanha, em Valência, havia um costume, véspera de São José, de encher a cidade de bonecos grandes com o nome de personalidades da cidade. Eram obras feitas com o maior desvelo. No outro dia, esses bonecos eram queimados, com exceção de um ou dois que eram escolhidos para ficarem no museu da cidade. Daí o nome boneco indultado.
Adianto que as sucessivas referências a livros de crônicas não significa dizer que é só cronista quem publicou algum livro. Temos bons cronistas que nunca reuniram seus textos em livros, como é o caso, aqui no Maranhão, de Sebastião Moreira Duarte, com reconhecida competência no exercício desse gênero, tendo colaborado alguns meses, em uma coluna especial, no jornal O Estado do Maranhão. Alinha-se, nessa condição, o confrade José Neres que, de quando em quando, como eu, oferta-nos uma crônica especial.
E assim, com a contribuição de todos, esse polêmico gênero literário, vai construindo sua memória e levando satisfação aos leitores, cada vez mais escassos, dos nossos jornais.
Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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