Quando as Nações Unidas publicaram, em 1951, logo após a Segunda Guerra, o Estatuto dos Refugiados, nunca poderiam imaginar a que proporções chegaria esse drama logo no começo do terceiro milênio.
A imagem que vemos pela televisão é estarrecedora: uma horda desgovernada, faminta, sem teto e sem nacionalidade, em busca de um lugar para viver. De crianças a idosos, todos querem uma oportunidade para recomeçar a vida. Saiu da Síria, da África, do Afeganistão, do Iraque e de outros países essa população, que aumenta de quatro a seis mil pessoas por dia, e está batendo às portas da Grécia, do Líbano, da Itália, do União Europeia, da Turquia, pedindo abrigo e condições de vida. O número desse formigueiro humano já chega perto de cem milhões. Deixaram o inferno em que viviam, mas carregam a esperança de recomeçarem uma vida melhor.
Agora, com o atentado de Paris, a situação dos refugiados tornou-se mais delicada. O sentimento de xenofobia crescerá ainda mais e será difícil convencer a população amedrontada de eles que não representam qualquer perigo.
A condição de refugiado é reconhecida àquele que sai de sua pátria por perseguição política, religiosa, ideológica e racial; por motivo de guerra, fome e falta de perspectivas. A eles, por convenção internacional, reconhecida pelos países signatários, é assegurado o direito de deixar seu país e buscar asilo. É um direito fundamental porque, nessa busca de uma vida melhor, está o princípio da dignidade da pessoa humana.
Não há dúvida de que esse drama que abala o mundo é o resultado da desigualdade social, da insensibilidade das leis do mercado, da falta de justiça e ausência de democracia. É uma prova de que os direitos humanos continuam sendo uma utopia em vários países, principalmente nos mais pobres. Mais uma vez, faz lembrar Paulo VI e sua encíclica Populorum Progressio.
O mais dramático dessas fugas é o número de mortos daqueles que não alcançaram seus objetivos e se afogaram nas águas do Mediterrâneo. A maioria eram jovens impetuosos e sonhadores, que queriam realizar seus projetos de vida.
O Natal, nos países da Europa, terá esse novo fator para desafiar os sentimentos de fraternidade e tolerância. Em vez de três reis magos buscando a estrela de Belém, os europeus terão milhões de refugiados em busca de quem os acolha e os livre do abandono em que estão atirados. São estrangeiros reclamando um dos mais sagrados postulados da ética: a hospitalidade, a certeza de serem acolhidos.
Qualquer que seja a religião que praticam, esses refugiados só querem o conforto do asilo e, neste período, poderem sentir as venturas de um Feliz Natal.
Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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