Sociólogos, religiosos, antropólogos e toda a comunidade global manifestam-se preocupados com a evolução e a prática do ódio nas relações sociais, políticas, religiosas e ideológicas, em todos os países, dos desenvolvidos aos subdesenvolvidos.
Destaco, de início, o recrudescimento do ódio nos Estados Unidos e na Europa. Nesses pontos, em continentes distantes, cresce a onda de xenofobia frente aos imigrantes, o preconceito racial e religioso e a radicalidade da direita reacionária. A França, que fez a Revolução pela liberdade, igualdade e fraternidade, vive um momento de tensão acalorada pela intolerância.
O ódio racial nos Estados Unidos tem feito muitas vítimas nos últimos anos e tende a crescer, não obstante terem um negro – Barack Obama – como presidente, o que tem lhe causado forte oposição, notadamente pelas suas posições pelo diálogo das nações e pelos planos sociais, respectivamente, os casos do Irã e de Cuba, e seu programa de saúde à população carente.
A situação dos imigrantes africanos, como párias em busca de melhores condições de vida, tem agitado as nações europeias como um impasse difícil de resolver. Tal situação exacerba os sentimentos de ódio dos xenófobos e racistas.
No mundo árabe, com as manifestações fundamentalistas, a violência interpessoal é uma constante, provocando mortes a todo momento.
No Brasil, não é diferente. Várias são as manifestações de ódio em nosso cotidiano. As intolerâncias multiplicam-se a cada dia: os haitianos, em São Paulo, já foram vítimas de atos de xenofobia; homossexuais são frequentemente agredidos na Avenida Paulista e em outras partes do país; os atos de linchamentos repetem-se em todos os estados.
A marca comum do ódio é a exacerbação dos sentimentos hostis em relação ao próximo. Tomam com seriedade a assertiva de Sartre de que "o inferno são os outros".
Para suplantar essa ameaça de ódio, seria preciso uma campanha pela ética a ser digerida em sua expressão mais simples: a fraternidade, esse princípio esquecido. Os agentes raivosos, possuídos das mais variadas fobias, recusam-se ao convite da alteridade para ver o rosto do outro e radicalizam posições que chegam às raias da violência. Para eles, só "eles mesmos" estão certos. Os outros representam o mal que deve ser combatido e extirpado.
A ausência de valores e a cegueira do fanatismo fazem os portadores do ódio esquecerem a dignidade de cada um, a liberdade de cada pessoa agir segundo suas inclinações, o respeito pelo postulados mais antigos das virtudes da convivência.
Foi lançada no Brasil, recentemente, a tradução do livro do filósofo argelino radicado na França, Jacques Francière, Òdio à Democracia, em que o autor analisa essa permanente inconformação dos radicais pela inclusão que o regime democrático promove em favor de todos, sem qualquer distinção. Muito antes, Hannah Arendt já se preocupara com a violência como forma de massacre às minorias, ela mesma uma vítima do antissemitismo.
O exercício do ódio, que cega a razão, em suas diversas matizes, é uma ameaça à paz, contra o qual devemos estar alerta para fazermos a nossa parte, à nossa volta, com gestos de fraternidade pelo acolhimento do outro e suas consequências.
Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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