A América Latina perdeu, no último dia 13 de abril, um dos seus mais dedicados estudiosos: Eduardo Galeano. Esse jornalista e escritor uruguaio marcou sua vida com atitudes e contribuições que só engrandeceram nosso continente, historicamente explorado desde seu descobrimento.
Recebi As veias abertas da América Latina pelas mãos do padre Eider, lá pela década de setenta, em Viana. Empolguei-me com a leitura, como todos os jovens daquele período, ainda aquecido pelos raios da década de sessenta. Não importa que nos últimos anos seu próprio autor tenha minimizado a profundidade desse livro. O que ficou, o que valeu, foi a contribuição que ele deu para a formação de uma consciência política entre a juventude latino-americana, despertando-lhe para os efeitos do colonialismo, que ainda persistiam em manter-nos atrelados à dependência econômica dos países exploradores. Para que a América Latina possa renascer, terá de começar a derrubar seus donos, país por país, dizia ele no último parágrafo desse grande livro.
Pressionado pelo regime militar que vigorava no Uruguai, Eduardo Galeano exilou-se. Sem liberdade para viver em seu próprio país, ele fez o que seu talento permitia: o uso da palavra escrita para denunciar e unir as forças dispersas. A expressão que marcou sua linha de atuação, nesse período, foi bem sintetizada nesta sentença: "as pessoas estavam na cadeia para que as pessoas pudessem ser livres".
Depois do sucesso de As veias abertas da América Latina, Galeano publicou ainda muitos livros, todos bem recebidos pela crítica: Memória do fogo (trilogia composta pelos livros: Nascimentos, O século de vento e As caras e as máscaras), Os filhos do dia,O livro dos abraços, Dias e noites de amor e de guerra, e vários outros. São livros com histórias curtas, reais, que despertam o leitor para a importância das efemérides cotidianas e suas lições.
Em 2009, depois que Hugo Chávez presenteou Obama com um exemplar de As veias abertas da América Latina, esse livro voltou a figurar entre os mais vendidos.
Nenhum poeta conseguiu traduzir a busca de uma utopia, em metáfora tão bem clara, como Eduardo Galeano. Em três palavras – horizonte, utopia e caminhada – ele concretizou esse estado de espírito indispensável para despertar os jovens da América Latina, como se estivesse abrindo suas veias para inocular a força do seu idealismo:
A utopia está no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.
Lourival de Jesus Serejo Sousa nasceu na cidade de Viana, Maranhão. Filho de Nozor Lauro Lopes de Sousa e Isabel Serejo Sousa. Formou-se em Direito, em
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